Comunidade do Instituto Cristovão Colombo

Aqui os membros da comunidade do Orkut podem tudo!!! Vamos relembrar os bons e os não tão bons tempos!!! Postem fotos à vontade!!!

Tuesday, October 25, 2016

O orkut se foi...

O Orkut se foi mas ainda estamos aqui...

Monday, May 28, 2012

Pessoal,

Faz tempo que não escrevemos nada por aqui, não é?

Pois bem. Tenho algo a lhes contar.

Já faz um tempinho... Eu estava orientando uma amiga na compra de um imóvel na Bela Vista e fui até o escritório da imobiliária para conversar com as herdeiras que estavam vendendo. Chegando lá, fui cumprimentando uma a uma aquelas senhoras até que, ao cumprimentar uma delas, eu disse:
"A senhora, D. Terezinha, eu já conheço". Ela se quedou surpresa e perguntou-me de onde.
"A senhora foi minha professora da primeira série, no Instituto Cristóvão Colombo. Ainda lembro de sua mão firme me ajudando a aprimorar minha caligrafia".
Daí foi um sorriso só de satisfação por eu tê-la reconhecido depois de tantos anos (1970).
De fato, eu já a encontrara outras vezes e estava mesmo para abordá-la (com jeito, claro) mas, no entanto, coincidência do destino provocou aquele encontro. Os anos passados não tiraram sua principal marca que eu nunca esqueci. Ela sempre lecionava muito bem produzida com sombra, delineamento de cílios e sobrancelhas, batom e blush.
Também disse-lhe que ainda tenho o livro de estórias que ela me presenteara, com dedicatória  e que, eu lia para meu filho, quando ele era pequeninho.
Memorável. Que prazer! Que saudade!
Abraços aos colegas.

Edmilson

Sunday, May 07, 2006

mais fotos - Samara




FOTOS - SAMARA

Nossa colega Samara enviou suas fotos para serem inseridas aqui:





Wednesday, January 11, 2006

serraia, amor e dia das mães


Vez por outra serviam uma comida intragável no ICC. Vocês se lembram de uma tal serralha ou serraia? Uma verdura amarga, plantinha de uma textura áspera, verde escura, parece com a danada ao lado. Ainda me vem o seu amargor que trava o paladar!

Eu me lembro de não tolerar esse complemento alimentar - que algum valor nutricional haverá de ter e parece mesmo que era da predileção daqueles cozinheiros da alma.

Minha mãe, querida Dona Amélia, contava uma história triste. Sempre me dizia que um dia, naqueles domingos de visita em que o mundo nos vinha em quanta, pela voz fanha do falante metálico, encontrou-me com as bochechas arroxeadas. Investiga daqui, pergunta dali, questiona um pouco mais... e eis que descobre que a tal verdura me foi empurrada goela abaixo, sob os protestos veementes e a resistência heróica do órfão revoltado. O grande algoz foi o empedernido Molhão! Sempre o Mo´Leão.

Fiquei revoltado. Ouvirei essa palavra pelos outros 40 anos que se seguiram - revoltado... francamente! Que outra coisa poderia ser, no calor de uma luta afinal vencida pela afirmação corajosa num mundo hostil e entristecido?

Essas palavras ficaram pelo caminho. Serraia, paquinha, Barroca, Molhão... A luta contra a ração diária de serralha é já um longinquo passado. Um passado que me pesa, às vezes. Volta como soluços profundos... me assombro com algo que se movimenta lentamente nas entranhas! Que raro descobrir que esse amontoado de carbono se estremeça com uma inesperada epifania!

Manuseando uma caixinha de madeira em que estão depositados fotos e outros objetos deixados pela Dona Amélia, deparo-me com uma cartinha que o pequeno que agora me olha de dentro enviou à sua querida mamãe.

Tudo ocorreu num longinquo dia das mães - um tempo esquecido do qual a única prova visível é uma carta amarelada guardada ao longo dos anos numa caixinha de sabonete no armário. Por que terá guardado por tanto tempo, mamãe?

Dizia a letrinha miúda e sofrida: Mamãe hoje dia das mães ofereço minha glória hoje neste dia glorioso ofereso com tando o amor e fé esta carta que quero a senhora, dizia o menino. E continua Mehor eu no possa que se compre esta promesa que eu tanto amei por tanto... mamãe uma grande lembrança e uma grande felisidade ofereço esa carta e essa emensa gloria e maus coisas quero quando sair deste colegio uma sempre lembrança que eu fiz todas todas mais todas que eu feiz lembro lá em casa e na rua e que tanto fiz perdõe todas as coisas e de todos amores que tanto gostei da senhora que tanto amei que tanto gostei um coração sempre aberto. Mamãe desejo essa grande felizidade a senhora que tanto quiz que esta marcado no meu coração então mostra a emesa gloria que tanto amei que ofereço esta mamãe quero oferecer tudo iso que lhe gatanhar e resa o maior o maior que tanto amei a Deus que abençoe eu e a senho e nossa familia ajudai me a ler ea escrever.

Hoje não choro a passagem da D. Amélia nesta terra de degredo. Tenho saudades vendo as suas fotos, querida mamãe. Aquietou-se em mim um choro miúdo que não se ouve no coro desafinado da multidão. Se eu pudesse dizer alguma coisa a respeito dessa cartinha seria certamente que o tempo verbal denuncia uma profunda irresignação e incompreensão. Apartado de minha amada, só podia lamentar o tanto que amei...

Minha querida Dona Amélia. Eu a amo verdadeira e integralmente. Com todas as forças de minha vida!

de seu filho, SJ.

Sunday, January 01, 2006

5th dimension


V. percebeu que anda esquecendo aquele telefone importante de uma pessoa querida? Percebeu que não se lembra mais do nome daquele filme... qual era mesmo? E o nome de um amigo da infância? O número de sua casa lá em Santana? O número da placa do primeiro carro?

Pois é. Tenho vivido situações semelhantes. Esse apagamento está associado com a destruição ou obsolescência de setores de minha memória afetiva. Como assim? Vamos lá, obsolescência: com o surgimento das agendas eletrônicas, "transferi" para os bancos de dados externos esse tipo de informação. As redes neuronais já se estendem para além dos limites físicos do meu cérebro. E a destruição? bem, voltemos ao ICC.

Outro dia estive no Instituto. Entrei por uma de suas portas, entre outras... sei lá, no mundo do ICC há tantas... E dei de caras com O Pátio. Aquele Pátio que todos vocês um dia conheceram. Aquele que, ao centro, disputando eternamente em importância e dignidade, estão Mo Leão e o velho ficus - ambos fincados no centro dos nossos corações.

Mas será mesmo aquele Pátio que os meus olhos agora divisavam?

Duvido!

De alguma forma a arquitetura de uma cidade, com suas praças, árvores, ruas e edifícios, são como células de uma incrível, variada e multiforme base de dados, à qual se liga a nossa memória afetiva. Nossas redes neuronais alcançam a cidade e estabelecem com ela vínculos profundos de reconhecimento e certeza e nela fixam elementos tão próprios e singulares, como é a essência de nossa memória. Destruída, puft!, somem, como que por encanto, as emoções que as paredes e edifícios guardavam.

E aí, então, tornamo-nos fantasmas. E passamos a sonhar...
Sonhei que percorria aqueles corredores do ICC e reencontrava os caminhos da minha infância nas câmaras e vestíbulos que se acham ainda mantidos. Quem são aquelas pessoas com quem me encontro nos sonhos? Estranho... a arquitetura se transformou, mas ainda reconheço cada caminho, cada recanto daquela formidável construção, o grande Instituto Cristóvão Colombo!

As imagens me vêm e me tomam de assalto. O ICC transluz. Suas paredes, o pátio, o ficus secular plantado no centro de nossa alma, em cujas profundas raízes as paquinhas dormiam, tudo isso me vem agora como um mar voluptuoso e irresistível. Ah! tudo está projetado nalguma inaudita dimensão. Uma vida que se mantém intocada com os sentidos próprios, em infinitas combinações. Tenho certeza que está lá, onde algo não está!

Lembro-me que um dia, num domingo ensolarado, deitei-me numa roda infantil instalada defronte ao Pátio. Os olhos postos no teto, pus-me a rodar, rodar e rodopiando, vestiginosamente, num sobrevôo de reconhecimento de uma terra incognita, vi abaixo de mim as coisas inatingíveis: me tornava afinal impossível às coisas impossíveis... E num relâmpago azul e luminoso, vi um velho pensativo, os olhos embaciados postos em mim, o que quer de mim, esse velho?

E logo acordo. Deus meu! O que quer de mim essa criança que não dorme?

A imagem: Next Stop: Immortality: http://www.futurehi.net/docs/RAW_Immortality.html.

Sunday, December 25, 2005

A maravilha do cinema


Ao lado direito do pequeno claustro havia uma sala de TV. Sim, me lembro de concertos para juventude, não sei como me recordo, mas havia uma arena de areia, lá pros fundos, em que treinávamos luta-livre inspirados nos tele-catchs da TV Excelsior.

Ah! o tempo voou nas tesouras e voadouras de Ted Boy marino, deixando lá prá trás Fantomas, o Tigre Paraguaio, Aquiles, Hércules, Múmia, Indio Saltense e Rasputin...

Um dia longinquo, numa manhã festiva - fim de ano, sei lá! - o ICC armou-se em comemorações e resolveram projetar um filme na dita sala de TV. Não me recordo o nome da película, lembro-me vagamente de algumas cenas.

Era um filme dos três patetas. O projetor instalado lá atrás de nós, sua maquinação ruidosa furtava a minha atenção. À frente uma enorme tela branca de plástico, descerrada e enfunada de sonhos e fantasias, movia uma nau de crianças alegres que deixavam lá fora, no claustro, suas tristezas e angústias.

Lembro-me de uma enorme aranha perseguindo os palhaços. Fulminava os traseiros com um jato certeiro de fogo. Ríamos à solta. Uma alegria sincera, verdadeira. O tempo parava suas rodas implacáveis, penetrávamos nos mistérios de uma alegria essencial. Jamais pude regozijar-me com tamanha plenitude.

O ICC nos deixou marcas indeléveis.

Saturday, November 26, 2005

Beatles, estrelas & serragem


Estive lá, quase não acredito. Acho que foi o ano 64, 65. Não sei. Sentíamos uma nova e estranha onda, as mensagens nos chegavam em garrafas, despertavam uma euforia inexplicável Admirável mundo novo aquele que se anunciava.

Lembro-me das descidas ao pátio no intervelo das aulas, pela manhã, onde convivíamos com os alunos do externato - uma zuada de crianças correndo e comendo. Uma convivência digamos... desejante. Eles nos traziam notícias do front - uma revista com a foto do John Lennon, ou um brucutu, uma calça saint-tropez... Que era aquilo, meu Deus, que era aquilo que anunciava um novo tempo? Eu me aboletava nos cubos de ferro e desejava os acepipes dessa legião quase-estrangeira. Como o mundo era estranho lá fora... mas como o desejava! Ele nos vinha como ondas intermitentes.

Numa daquelas tardes eternas - essa luz dourada ainda tarda na memória - lembro-me de que os alunos atearam fogo numa planta e excitados diziam, "é peido de velha, é peido de velha"... e todos nos púnhamos a rir deliciosa e despreocupadamente. Éramos livres... Isto é, mais ou menos; sempre nos rondava a ameçava da visita compulsória ao grande-dormitório-grande onde nos esperava, depois das orações de praxe, o velho Molhão.

Não é incrível que só agora, muito recentemente, vim a descobrir que o santo nome do Molhão era León? Irmão Leão = Mo Leão = Molhão. O velho leão rugia e se assentava ao trono de vime solenemente, com pompa e circunstância, a batina desbotada mas digna, o discreto sinal clerical no pescoço, repartindo a justiça e distribuindo as bênçãos de um domingo eterno que ainda embala a molecada ruidosa e travessa que habita minha memória.

Aquele pó de estrelas douradas, vermelhas, amarelas, ocres, polvilhadas pelo chão de ladrilhos vermelhos, de onde vinha? A serragem úmida penetrava as narinas tenras do menino e encardia a alma com uma fragrância indelével. Quantas vezes não empunhei heroicamente uma vassoura levando adiante aquele pó de estrelas castanhas?

Por falar em estrelas, havia um telecópio. Eu não me lembro quem o trazia de alguma sala misteriosa, instalava o instrumento, ajustava, mirava, focava e nos oferecia o espetáculo do firmamento. Acho que era o Padre Pedro Zamberlan. Estranho objeto! A noite nos cobria com seu manto de mistérios. As estrelas, tão distantes, que segredos guardavam? Via à direita o cruzeiro iluminado por uma covarde luminiscência. Quantas vezes não pedíamos que o Padre Pedro desviasse o foco para lá, para resdecobrir as formas conhecidas da torre, tornadas estrangeiras pela luz fugidia; à esquerda advinhavámos o galpão e suas oficinas abrigados pelo manto da dama noturna. E fazíamos fila, os olhos arregalados, as pupilas dilatadas, nervosas como tímidas dançarinas.

Assim como as estrelas eram arrancadas de seu caldo escurecido, tragadas por aquele instrumento poderoso, assim éramos arremesados a um mar de aventuras arcaicas, embalados num carrossel de galáxias espiraladas e luzes fugidias.

Ah! essas estrelas meus filhos ainda as vêem em meus olhos!